Celebrando a Roménia;

Celebrando a Roménia
“O progresso é a injustiça que cada geração comete relativamente à que a antecedeu”.
Emil Cioran, escritor romeno (1911-1995)
O tempo político nem sempre é coincidente com o tempo cronológico.
O século XIX terminou com a I Guerra Mundial, e dos escombros dos impérios desfeitos no conflito a Europa reorganizou-se, fazendo emergir novos Estados-nação. A Roménia, a União da Grande Roménia, tal como hoje a conhecemos, foi um desses países, que emergiu no século XX, com a agregação dos territórios da Transilvânia, Bucovina e Bessarábia ao reino já constituído, em 1859, pela junção formal dos principados da Valáquia e da Moldávia, cuja independência foi reconhecida em 1878.
A história recente da Roménia, que sofreu a invasão nazi e a devastação da Segunda Grande Guerra, bem como, logo a seguir, a ocupação da União Soviética, naquilo que hoje corresponde à Moldávia, e a instauração de um regime comunista liderado pelo ditador Ceausescu, foi muitas vezes árdua e sofrida, testando ao limite a resistência dos seus cidadãos, reconhecidos igualmente pela sua coragem e apego à liberdade, qualidades cívicas superiores do seu povo, que, mesmo na hora atual, continua a dar evidentes demonstrações ao mundo.
A queda do muro de Berlim e as suas ondas de choque por todos os países da “cortina de ferro”, em 1989, determinou também na Roménia o colapso do regime comunista, precisamente há 29 anos, iniciando a transição para uma democracia e uma economia de mercado, que se consolidaram com a adesão do país à NATO e à União Europeia, respetivamente desde 2004 e 2007, acelerando um amplo programa de reformas, que permitiram ao país desenvolver-se a um ritmo cada vez mais dinâmico, melhorando permanentemente em todos os indicadores de desenvolvimento humano.
Embora em extremos geográficos da União Europeia, de que são membros de pleno direito, a Roménia e Portugal têm vindo a aproximar-se cada vez mais, numa lógica de respeito e cooperação, em que as relações económicas e culturais, cada vez mais estreitas e intensas, são o cimento seguro dessa relação. E se é certo que os vínculos entre os dois países nunca foram tão fortes, o que muito se deve à extraordinária ação da Embaixada da Roménia em Portugal, e em especial ao empenho da sua Embaixadora, Sra. Ioana Bivolaru, incansável na promoção de iniciativas culturais e económicas de grande qualidade e expressão, merecedoras da apreciação particular do Senhor Presidente da República e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não deixa de ser igualmente verdade que muito há ainda por realizar, pois o potencial mantém-se enorme.
As comemorações da União da Grande Roménia, que ocuparam todo o ano de 2018, também em Portugal tiveram um forte impacto na opinião pública, fomentaram uma clara melhoria de imagem, mais condizente com a real qualidade do país, com a sua história e cultura ricas, muito para lá dos “clichés” a que todas as nações estão sujeitas, já que se trata da pátria de grandes escritores, pintores e músicos de projeção internacional.
No primeiro semestre do próximo ano, a Roménia assegurará a Presidência da União Europeia, prolongando assim um momento feliz de projeção internacional para o país e que a Embaixada da Roménia e o Instituto Cultural Romeno não deixarão de aproveitar para reforçar a sua intervenção, reforçando assim as relações com Portugal, um país que acolhe mais de 30 mil cidadãos romenos, plenamente integrados, desejando intensificar ainda mais essa relação, pois, apesar do muito que foi feito, o que está por fazer ainda é mais desafiante.
Paulo Vaz, Cônsul Honorário da Roménia no Porto e Norte de Portugal, 14/12/2018
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