RB Healthcare quer estar no Top 5 nacional por via da diferenciação;

Mercado é cada vez mais competitivo
RB Healthcare quer estar no Top 5 nacional por via da diferenciação
André Semedo alerta que este é um mercado cada vez mais competitivo, em processo de consolidação através de fusões e aquisições. 
O mercado de consumer healthcare, em Portugal, atravessa um momento de crescimento assinalável. A RB Healthcare tem já uma posição de referência no mercado nacional e assume que a diferenciação é essencial para garantir a competitividade numa área de atividade de elevada concorrência. Em entrevista à Vida Económica, André Semedo, head of market da RB Healthcare, destaca também a importância das vendas online, no atual contexto. 
Vida Económica - Qual a atual situação do mercado nacional na área em que operam?
André Semedoi - Em termos de Consumer Healthcare, e depois de um 2018 em que se verificou um crescimento assinalável de 6%, no inicio de 2019 assistimos a um crescimento de duplo dígito, fruto do rigoroso Inverno registado. Por outro lado, quando analisamos o binómio farmácias vs espaços de saúde, assistimos a uma performance deste último ligeiramente acima do primeiro, contrariando a tendência dos últimos anos (+2%). Mesmo a nível de Mass Market / Bens Grande Consumo, segundo dados Nielsen, 2018 foi também um ano de crescimento (+2,8%), com um arranque acumulado nos primeiros dois meses de cerca de +4,1%, com os Supers Grandes a liderarem o crescimento (+9,6%) e a aumentarem a sua relevância no panorama nacional (+2,3%), seguido dos Tradicionais (+4,6%) que mantiveram o seu peso, e os Hipers (3%) com -0,4% de variação. Se pensarmos em Higiene Pessoal, área na qual estamos inseridos, o arranque foi também bastante positivo e em linha com a tendência do mercado, com as marcas de fabricante a serem o principal fator de crescimento vs Marcas de Distribuição (+4,2% vs +2,1%, respectivamente), não só via pressão promocional, mas também introdução de inovação.
      
VE - Quais os principais problemas que se colocam?
AS - Temos consciência que temos sido um dos principais contribuidores para o crescimento dos mercados em que estamos inseridos, sendo hoje em dia um dos nossos principais desafios a procura de criação de valor para todos os intervenientes. Se olharmos aos diferentes mercados/segmentos onde desenvolvemos o nosso negócio, é fácil perceber que um dos nossos maiores desafios é o de garantir a capacidade de desenvolver estratégias relevantes e diferenciadoras, que nos permitam vencer em conjunto com os nossos parceiros, satisfazendo as necessidades dos diferentes shoppers. Um utente de uma farmácia, do ponto de vista de consumidor, até pode ser comparado ao shopper de um supermercado, assim como a própria disposição dos espaços físicos, mas a forma como as marcas comunicam com cada um deles, terá em muitos casos de ser diferenciada, o que obriga as nossas equipas a terem uma capacidade multidisciplinar de, pensando diferente, buscar sinergias entre ambos os “ambientes de retalho”, sem esquecer o online, numa lógica de “omnichannel”.
 
VE - Qual a vossa estratégia para o mercado português?
AS - A nível mundial, a nossa estratégia passa sempre por desenvolver soluções inovadoras que permitam tornar as vidas das pessoas mais saudáveis, colocando a saúde nas mãos de cada um de nós. E Portugal não foge à regra. Nesse sentido, assumimos a responsabilidade de sermos uma das empresas mais inovadoras do nosso setor, com lançamentos relevantes para os nossos clientes e consumidores, ano após ano, potenciando ao máximo as parcerias que temos com os primeiros. Por outro lado, e ainda nesta lógica de trabalharmos para melhorar a qualidade de vida da nossa população, assinámos recentemente um protocolo com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, visando aumentar a sensibilização para o uso indevido de antibióticos. O nosso objectivo para os próximos anos no mercado nacional é o de entrarmos definitivamente no Top 5 Ranking Consumer Healthcare.
 
Setor marcado por fusões e aquisições
 
VE - A concorrência é muito forte?
AS - O facto de sermos líderes em praticamente metade das categorias onde operamos, diz muito sobre a performance que temos vindo a ser capazes de alcançar nos últimos anos em Portugal. Ainda assim, este facto deve ser ainda mais ressalvado quando nos deparamos com um mercado altamente competitivo, com fortes players internacionais, mas também locais. Nos últimos 10 anos assistimos a uma concentração no mercado global de consumer healthcare, com fusões e joint-ventures entre os principais “tubarões” do setor, o que nos tem vindo a colocar uma pressão adicional de fazermos sempre mais e melhor, de uma forma mais disruptiva e com um claro valor acrescentado para todos os stakeholders. É por isso que quando olhamos para o futuro próximo, para além de inovação relevante e diferenciadora, acabam por ser as pessoas certas a fazer a diferença na concretização da nossa missão, sejam colaboradores da RB, parceiros ou membros de instituições que nos permitam melhorar os hábitos de saúde e estilos de vida mais saudáveis dos portugueses. Se olharmos ao nosso negócio de Mass Market, onde comercializamos marcas como Veet, Durex, Scholl, Dettol e Nenuco, para além dos nossos concorrentes globais, o fenómeno da marca própria acaba por ser também uma tendência, contrariada sobretudo pela inequívoca oferta de produtos de valor acrescentado, combinada com uma correcta e adequada estratégia promocional.
 
VE - A atual legislação é a adequada?
AS - Muito se tem falado nos últimos anos sobre a liberalização do setor ou da venda livre de medicamentos sujeitos a receita médica em Espaços de Saúde (desde 2006 que essa venda é possível para MNSRM). Do nosso lado, aguardaremos com expectativa se existirão movimentos nalgum destes dois sentidos e estaremos preparados para continuar a contribuir para melhorar a saúde e bem-estar dos portugueses.
 
VE - Como contribui a vossa empresa para a sustentabilidade do SNS?
AS - Em primeiro lugar, estamos convictos de que as Farmácias acabam por ser um forte eixo de aproximação entre o SNS e todos os cidadãos e a verdade é que temos vindo a alavancar com os nossos parceiros vários serviços nas farmácias comunitárias, promovendo a saúde e bem-estar dos utentes, sendo um bom exemplo a parceria com a APMGF, onde fomentamos a importância para o correcto uso dos antibióticos. Por outro lado, e olhando ao nosso portefólio, temos marcas de referência em OTC, dispositivos médicos, cosméticos e até suplementos, que acabam por ser o grande instrumento de concretização da nossa missão, colocar a saúde nas mãos de todos nós. Deste ponto de vista, acabamos por contribuir indirectamente para a diminuição da sobrecarga de centros de saúde e hospitais para questões mais pontuais, através da automedicação.  
 
Cluster ibérico
 
VE - Portugal vai continuar a estar no foco dos vossos investimentos? 
AS – Atualmente, a subsidiária portuguesa encontra-se dentro do Cluster Ibérico. Apesar de termos consciência de que para as grandes multinacionais Portugal não é um dos principais mercados em valor absoluto, temos por outro lado a autonomia e a capacidade de levar a cabo alguns testes e iniciativas que possam servir de inspiração para os nossos colegas de outras geografias. 
Guilherme Osswald guilherme@vidaeconomica.pt, 17/04/2019
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