A trajetória do CEO que vem de outra empresa;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
A trajetória do CEO que vem de outra empresa
Numa empresa é normal assistir-se a progressões profissionais que permitem ir assumindo funções tendencionalmente de maior responsabilidade. Nos cargos associados a estruturas de hierarquia, a evolução é tradicionalmente piramidal, estando na base um maior número de pessoas e no topo um ou um reduzido número de elementos.

Esta normal limitação implica que nem todos lá chegarão e, muitas vezes, até acontece que esses cargos de máxima responsabilidade são assumidos por pessoas externas à organização.
Existem diversos motivos para o recurso a esta solução: entrada em novos mercados ou áreas de negócio; inexistência de perfil interno adequado ao futuro pretendido pela empresa; implementação de determinada metodologia ou rompimento de outras em vigor; entrada de novo acionista; etc.
O estudo da Russel Reynolds analisou a origem dos CEO que têm origem noutras entidades, tendo refletido comportamentos bem distintos:
  • Raramente têm origem noutras empresas familiares, sendo que em Espanha e na Alemanha não existiu qualquer ocorrência relatada;
  • Cerca de 50% têm origem em companhias do mesmo setor de atividade;
  • Em França recrutam somente pessoas de empresas cotadas;
  • O principal fornecedor de CEO externos são multinacionais estrangeiras.
O que é importante para as empresas familiares é que tenham plena consciência que o seu CEO, independentemente da sua origem interna ou externa, deve ter o perfil adequado ao futuro pretendido para a empresa.

Em 1933, Manuel Bastos abre a fábrica de doçaria e chocolates e a Confeitaria Arcádia, na Praça da Liberdade, no Porto. A conjugação de diversos fatores, como sejam a comercialização de bombons e amêndoas, a adoção pela alta sociedade da cidade, a proximidade à estação de S. Bento – um visitante do Porto que entrasse nesta estação tinha de levar para casa uma caixa de bombons ou de línguas de gato, etc.— tornam esta casa uma significativa referência da cidade.
Margarida e João tiveram uma juventude privilegiada: bolos e chocolates à disposição e a possibilidade de se deliciarem com os famosos pão de ló e bolo-rei, que também serviam aos inúmeros clientes que enchiam o espaço por alturas da Páscoa e do Natal.
Margarida, atraída pelos laboratórios, licenciou-se em farmácia e teve um percurso profissional na Clínica de Diagnóstico Laboratorial Dr Miguel Pereira. Com o falecimento da mãe, passou a ajudar o pai em part-time.
João licenciou-se em economia, tendo sido assistente na FEP, passou pela banca e desenvolveu a sua carreira profissional no grupo Sonae, onde chegou a administrador de várias empresas. Pela sua formação e assumindo um dever familiar, sempre deu algum apoio na gestão financeira da empresa.
O início do séc. XXI ficou marcado por três grandes acontecimentos: o declínio da baixa da cidade levou ao fecho da confeitaria e à redução do volume de negócios da fábrica; a morte do pai; a união dos irmãos, em 2001, no relançamento da nova Arcádia. Em poucos anos estes dois empreendedores, que dividem o capital e assumem a administração da empresa, multiplicaram por muito o volume de negócios, possuindo espaços em nove cidades portuguesas e permitindo adquirir os seus fantásticos produtos na sua loja online.

Temas para reflexão:
  • Para bem liderar um negócio é necessário trabalhar desde sempre na empresa?
  • Se os filhos não vieram desde logo para a empresa, nunca mais regressarão à mesma?
  • Que vantagens podemos adquirir se os nossos líderes tiverem outras experiências empresariais?


António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
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Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
Santiago – Porto   http://www.efconsulting.pt
 


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