Ordem dos Contabilistas Certificados com resultado líquido de 365 mil euros;

De acordo com o Relatório e Contas do ano passado
Ordem dos Contabilistas Certificados com resultado líquido de 365 mil euros
A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco, revelou a sua satisfação perante o Relatório e Contas do ano passado. Isto porque as contas se encontram consolidadas e foi alcançada a sustentabilidade financeira da instituição. Os resultados foram atingidos em dois anos, “através da reestruturação na estratégia de alocação de recursos e implementação de uma forte política de redução de gastos, corte de despesas e reforço da receita, sem colocar em causa os serviços aos membros”.
O conselho diretivo agilizou práticas para melhorar a eficiência de controlo da despesa e das cobranças, em articulação com uma política mais eficaz e proativa de gestão dos financiamentos, de maneira a superar de forma positiva o orçamento previsto na tesouraria para 2019, reduzindo e endividamento e, consequentemente, o valor dos juros a pagar. “Os valores da tesouraria superaram de forma muito positiva os valores orçamentados e os valores do exercício anterior. O valor acrescido foi de 1,2 milhões de euros, quase mais 353% do que no ano precedente. O resultado líquido do período apresentou um valor positivo de 365 mil euros, embora a tesouraria da Ordem não reflita este resultado, devido aos investimentos efetuados nos serviços aos membros.”
Paula Franco destacou o desenvolvimento do TOConline e do seu atendimento, tendo-se verificado um aumento exponencial do número de subscrições de licenciamento e um forte acréscimo dos esclarecimentos dados aos membros. “De forma a reforçar o valor acrescentado dos contabilistas certificados junto do tecido empresarial e apoiando-os no exercício da profissão – mitigando os efeitos das constantes alterações legislativas, da burocracia administrativa de novos e mais complexos modelos de negócios e instrumentos financeiros – apostou-se na melhoria, na modernização e na descentralização do atendimento técnico e programa de formação profissional contínua, inaugurando-se o atendimento presencial no Porto e organizando formações inovadoras, como é o caso do projeto de implementação do SAF-T da contabilidade.”
Ainda recentemente o TOConline disponibilizou mais dois módulos, o arquivo digital e a gestão de gabinetes. O objetivo é garantir a evolução deste software de gestão, tornando-o numa plataforma atualizada, com serviços integrados e à medida das necessidades dos contabilistas e dos empresários. No módulo gestão de gabinetes, será possível enviar declarações em lote para várias empresas, fazer o controlo dos tempos e ficar a par dos prazos para as obrigações fiscais e contabilísticas. Por seu turno, com a nova função arquivo digital, as empresas aderentes à plataforma TOConline poderão arquivar documentos como faturas, entre outros.  Estes novos módulos juntam-se assim aos já existentes: Vendas (Faturação), Compras e Despesas, Gestão de Stocks, Salários, Contabilidade (que integra a Contabilidade Analítica) e Gestão de Ativos.

Gastos com pessoal com aumento significativo

As rubricas fornecimentos e serviços externos e gastos com pessoal foram as que apresentaram um aumento mais significativo, face ao ano anterior. Relativamente ao orçamento, foram os fornecimentos e serviços externos que registaram o maior desvio em valor absoluto. “Este aumento do valor dos fornecimentos e serviços externos deveu-se em grande medida ao projeto de implementação SAF-T em ambiente de trabalho, à realização do Congresso dos Contabilistas Certificados e ao aumento significativo, não esperado, do valor de seguro de responsabilidade civil profissional para os profissionais”, explicou Paula Franco.
Entretanto, a autonomia financeira da OCC continua a ser reforçada, assume a bastonária. No final do ano passado era de 68,5%, o que compara com 53,2% dois anos antes. O rácio de solvabilidade era de 2,17, face a 1,1 em dezembro de 2017, de acordo com o referido no Relatório e Contas. “Em relação ao endividamento existente, no final de 2017, no valor de quase 11 milhões de euros, nos dois anos seguintes o valor foi amortizado em mais de 3,9 milhões, o que correspondeu a uma redução de 39% do valor em dívida. Em 2019, foram amortizados 1,1 milhões de euros e não foi utilizado qualquer valor disponível das contas caucionadas”, concluiu a bastonária.
A dirigente da Ordem defende que os resultados obtidos foram muito positivoa, sobretudo devido “a muito trabalho, dedicação e motivação na regulamentação da profissão, na defesa dos direitps e interesses dos contabilistas certificados. A Ordem encontra-se em velocidade cruzeiro. Organizada e focada, reforçando o que de bom existia e colmatando lacunas”, sem negar a existência de muitos obstáculos e desafios.

Fraquezas e oportunidades

No âmbito do relatório, foram definidas as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças com que se defrontam os profissionais. A Ordem aponta como principais forças a competência técnica, o apoio e a proximidade por parte da instituição aios seus membros, a capacidade formativa e de infraestruturas, o reconhecimento institucional, bem como a localização privilegiada. Quanto às fraquezas, destaque para o controlo interno e externo, a captação de jovens para a profissão, o respeito e a consideração profissional do poder político, do tecido empresarial e da sociedade civil e, ainda, a instabilidade legislativa.
Mas existem oportunidades que não podem ser descuradas, como são os casos do reforço do interesse público da profissão, a revolução digital, melhorar a qualidade de vida dos membros, a valorização profissional e a contabilidade pública (SNC-AP). De igual modo, colocam-se ameaças, entre as quais a desregulação profissional, a violação de deveres éticos e deontológicos, a responsabilização desproporcional, a revolução digital e a demografia profissional.
Dois anos de esforço

Paula Franco mostra-se satisfeita com o que foi alcançado em “apenas dois anos, a consagração legal do justo impedimento, o pagamento diferido do IVA, o estabelecimento de prazos fixos para cumprimento das obrigações a contar desde o momento da disponibilização das declarações fiscais; conseguimos. Por outro lado, conseguiu-se passar de 50 247 questões respondidas na Pasta CC para 102 577, “fomos em frente com a redução de quotas para os mais velhos e aqueles que entram agora na profissão e pugnamos pela apresentação de melhores condições do seguro de saúde e fundo de solidariedade social; alcançamos ainda um nível de satisfação de Bom ou Muito Bom nos atendimentos telefónicos”. Foi ainda possível aumentar o número de formandos de 118 128 para 158 324. “Foram muitas as realizações o que não nos impediu de reduzir o passivo de 15 870 772 para 9 520 825 milhões de euros em apenas dois anos e de aumentar os fundos patrimoniais de 15 782 035 para 20 698 646 milhões de euros.”
A Ordem vai continuar os esforços para reforçar a posição junto do tecido empresarial, do poder político e da sociedade civil, “lutando por metas que passam pela regulamentação das férias fiscais, o funcionamento automático do regime de dispensa da coima do art.º 32.º do RGIT, a alteração do art.º 24.º da LGT, na parte relativa à responsabilidade subsidiária e o cálculo e notificação dos pagamentos por conta pela Autoridade Tributária e Aduaneira em sede de IRC”.


Célia Cesar, 27/03/2020
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