Grandes espaços físicos já perderam 25% das vendas
“Pelo menos 20% dos espaços comerciais existentes vão ter que ser reconvertidos para outros fins” – A afirmação foi feita por Daniel Agis, na conferência sobre os novos caminhos da industrialização, organizada pela Vida Económica.
O consultor italiano apresentou os dados sobre o mercado dos Estados Unidos que confirmam o declínio dos espaços comerciais. Desde 2011 encerraram mais de 1000 grandes superfícies comerciais, registando-se uma quebra de 25% do volume de vendas. As grandes cadeias de retalho são as mais atingidas. A Sears perdeu 80% do valor em bolsa e a Macys perdeu 50% do valor das suas ações nos últimos cinco anos.
O consultor italiano apresentou os dados sobre o mercado dos Estados Unidos que confirmam o declínio dos espaços comerciais. Desde 2011 encerraram mais de 1000 grandes superfícies comerciais, registando-se uma quebra de 25% do volume de vendas. As grandes cadeias de retalho são as mais atingidas. A Sears perdeu 80% do valor em bolsa e a Macys perdeu 50% do valor das suas ações nos últimos cinco anos.
O declínio das vendas das lojas tradicionais está a ser acompanhado pelo crescimento de novos formatos e conceitos que tiram partido do on-line e apostam numa estratégia omnicanal – explicou Daniel Agis aos participantes da conferência sobre os novos caminhos da industrialização que decorreu no Citeve, com o apoio da ATP, da APICCAPS e do Banco Santander Totta.
Até aos anos 90 os fatores de sucesso eram o stock e a oferta. Dominavam as grandes cadeias, como El Corte Inglés, Mark & Spencer ou a Macy`s.
A partir dos anos 90, passou a afirmar-se a logística e a renovação, com a expansão da Inditex, H&M e Primark.
Agora os fatores de sucesso são os dados e a velocidade. As estrelas em ascensão são Amazon, Zalando e Asos.
O consultor italiano referiu a importância crescente da Amazon na distribuição de vestuário e calçado. Esta cadeia representou 67% do crescimento global do retalho em 2017. Mais de 33% dos americanos compraram artigos de moda na Amazon no ano passado e deste cerca de 30% compraram calçado.
Aos industriais de vestuário e calçado presentes na conferência organizada pela “Vida Económica”, o consultor italiano referiu que a Amazon investe em simultâneo em marcas próprias, no retalho físico e na indústria, realiza testes de conceitos comerciais, de comunidade, logísticos e financeiros.
A Amazon apresenta um nível de oferta infinita com 700 mil artigos diferentes e 2000 marcas.
O diretor-geral da ATP apontou como exemplo a criação das linhas produtivas para o fabrico em série, à semelhança da indústria automóvel, e depois a automação de equipamentos, especialmente a montante da fileira, onde predominam o capital intensivo.
Para Paulo Vaz, a Indústria 4.0 já existe na ITV há muito e ainda mesmo antes de ela ter chegado ao discurso político ou de ter sido apropriada por alguns setores para oferecerem modernidade.
Mas admitiu um atraso nas empresas do setor relativamente à economia digital no seu todo.
“Existe um metamundo, não físico, digital ou on line, onde quase tudo está a acontecer e onde tudo vai suceder. Mais breve do que julgamos. Quem ignorar esta realidade obviamente não existirá daqui a 10 ou 20 anos, senão mesmo dentro de escassos anos ou meses”- garantiu.
Calçado com roteiro digital
“O cluster do calçado registou um desempenho muito positivo nos últimos anos, fruto de um pensamento estratégico organizado e implementado de forma coerente e contínua” – disse Leandro Melo. Para o diretor-geral da Apiccaps a indústria portuguesa do calçado tem a ambição de ser líder mundial na relação com os clientes através da sofisticação do produto, resposta rápida e nível de serviço. Entre os aspetos da nova globalização referiu a importância que as marcas estão a assumir, a organização do trabalho, a sensibilidade para o estilo, a moda e a técnica, e o aumento do consumo médio de pares de sapatos.
Apoio à internacionalização
Na conferência sobre os caminhos da nova industrialização interveio Paulo Costa, diretor do Centro de Empresas do banco Santander Totta. O apoio à internacionalização tem sido uma das vertentes dos serviços prestados em termos de soluções não financeiras.
Paulo Costa referiu o Portal Trade, que permite às empresas obter facilmente a informação sobre mercados internacionais, principais exportadores, tarifas e imposições aduaneiras.
Através do International Desk, o Santander Totta faculta informação sobre os potenciais clientes estrangeiros das empresas nos diversos países onde está presente.
O Club Santander permite às empresas apresentar os seus produtos e serviços junto da comunidade internacional devidamente comprovada pelo grupo espanhol.
Setor têxtil provocou a revolução industrial
“O setor de atividade que deu origem à indústria 1.0 foi o setor têxtil” – afirmou Braz Costa. O diretor-geral do Citeve recordou que a indústria 1.0 foi impulsionada pelo setor têxtil. “A primeira revolução industrial acontece exatamente pelas mãos da indústria têxtil. Se formos acompanhando o que foi a indústria 2.0 com a massificação, a indústria 3.0 com a robotização e a automatização e agora a indústria 4.0 - dizem os especialistas com a digitalização da manufatura – concluímos que estes setores do têxtil e vestuário estiveram sempre na linha da frente da adoção das novas formas de organização industrial e de utilização de ferramentas para melhorar o seu desempenho” – disse Braz Costa. Em sua opinião, a indústria 4.0 não é para a têxtil nada de novo, é algo que já está a acontecer, já vem acontecendo. “Temos hoje em Portugal empresas que estão preocupadas por exemplo com a desmaterialização de amostra. Não porque é bonito, não porque é muito trendy ou que caiba num telemóvel ou smartphone. “É porque têm a necessidade de fazer com que se resolva uma questão extremamente importante em termos de tempo de resposta e em termos de custos para o nosso setor, que é a desmaterialização de amostras” - explicou. Para o diretor-geral do Citeve, já não é possível num país como em Portugal, onde há empresas que trabalham com “lead time” de duas semanas, trabalhar sem este conceito, sem a preocupação da adoção de tecnologias e de metodologias que se enquadram nesta lógica da indústria 4.0. Segundo referiu, a Alemanha é hoje considerada como a dona do conceito mas o que fez foi chamar-lhe o nome e adotar o padrão. Em países como a Alemanha, Itália, agora nos países asiáticos mais recentemente, esta questão da indústria 4.0 tem o seu ponto de aplicação essencialmente nos produtores dos bens produtivos, os bens de equipamento e outros sistemas. Portugal não tem isso, mas tem algo que é muito importante e que se tem manifestado fundamental para o desempenho das empresas do setor. Tem tido pessoas, empresas, instituições de investigação e desenvolvimento que têm trabalhado áreas menos pesadas do que consideramos serem os sistemas produtivos. Os sistemas de informação, os sistemas de logística, entre outros, são áreas que muito concorrem para esta nova onda de filosofia industrial. Nestas vertentes, Portugal revela ter algumas competências. |