Portuguesa Mycujoo entra na história da Amazon
É uma “rising star” lusa. Dedica-se àquilo que 10 milhões de portugueses gostam, o futebol, e é – provavelmente – a empresa de base nacional com mais presenças em países do mundo. Falamos da Mycujoo, uma plataforma online para transmissão de jogos de futebol de todos os escalões e de todo o mundo. A Mycujoo vai entrar num documentário da Amazon a transmitir pela Netflix.
Acreditam naquilo a quem chamam os “underdogs” do futebol, ou seja, os clubes e comunidades que não têm visibilidade e que poderão ser 80% do mercado. Ricardo Rodrigues, country diretor da Mycujoo Portugal, explica porque é que um perdedor anunciado (“underdog”) pode ser um grande vencedor junto das comunidades próximas e lançar a imagem para todo o mundo.
Acreditam naquilo a quem chamam os “underdogs” do futebol, ou seja, os clubes e comunidades que não têm visibilidade e que poderão ser 80% do mercado. Ricardo Rodrigues, country diretor da Mycujoo Portugal, explica porque é que um perdedor anunciado (“underdog”) pode ser um grande vencedor junto das comunidades próximas e lançar a imagem para todo o mundo.
Vida Económica - Qual o número total de utilizadores da Mycujoo?
Ricardo Rodrigues - Nesta fase temos cerca de três milhões de usuários por mês, e estamos em mais de 90 países, já com parcerias com clubes, ligas e confederações.
VE - Pode-se dizer que esta “rising” star é quase uma multinacional em termos de presenças?
RR - Somos claramente uma empresa internacional que está em todos os cantos do mundo. Fomos a primeira empresa a fazer uma transmissão simultânea nos cinco continentes com as várias confederações mundiais. Tivemos jogos em simultâneo com as seis confederações mundiais de futebol e trabalhámos sempre a plataforma de futebol e dos desportos derivados de futebol, ou seja, o futsal e o “beach soccer”.
VE - E como é que conseguem ultrapassar os direitos de imagem que já existem em todo o mundo nas grandes ligas?
RR - Só transmitimos jogos em que temos parceria com os donos que têm os direitos dos conteúdos. Temos direitos digitais sobre muitos conteúdos em todo o mundo, por exemplo, temos direitos em quatro dos maiores mercados digitais do mundo. Na Indonésia, que é um dos maiores mercados digitais do mundo, temos um contrato de quatro anos de direitos digitais da 1ª, 2ª e 3ª divisões da Liga indonésia. Outro exemplo é com a 1ª divisão feminina do Japão, onde temos os direitos digitais, sendo que esta Liga é uma das maiores e mais conhecidos de futebol feminino do mundo. Este é um contrato a três anos e foi um “case study” muito interessante, pois estavam à espera de ter 5 a 6 mil usuários por jogo mas estão a ter à volta de 26 mil usuários por jogo.
VE - O que explica este fenómeno?
RR - Exatamente porque trabalhamos a comunidade de futebol. Estamos num mercado onde temos um contrato com duas das maiores Ligas de futebol amador masculino e feminino do mundo. A masculina tem cerca de 140 clubes por todo o país.
VE - Como conseguem rentabilizar este tipo de televisão?
RR - As plataformas estão cada vez mais em voga e entrámos no mercado há algum tempo. Há cerca de três anos acreditámos na comunidade e na massa que podemos trazer ao agregarmos toda esta comunidade dos vários campeonatos das várias ligas e dos vários parceiros que temos.
A nossa plataforma é grátis, mas comercializamos o conteúdo com os nossos parceiros e com os quais temos uma partilha de receitas. Temos acesso aos direitos digitais e comercializamos com eles publicidades e patrocínios e tudo à volta do vídeo.
O digital já provou muitas vezes que já ultrapassou a televisão convencional em muitos aspetos, especialmente em audiências.
VE - Qual é o volume de negócios esperado este ano?
RR - Entre dois milhões e 2,5 milhões de dólares de receita.
VE - Acredita que a tv em streaming tem futuro?
RR - Acreditamos que é claramente o futuro. Nos nossos usuários cerca de 70% vê tv através do telefone. Têm tudo na palma das mãos.
VE - Como a “rising star” também já fez levantamento de fundos?
RR - Estamos nesta fase a levantar uma ronda de investimento grande e que esperemos que seja fechada até ao final do ano e depois daremos detalhes.
VE - Até onde pode ir essa angariação e capital? Qual o objetivo?
RR - Precisamos de fundos para dar sustentabilidade à empresa e capacidade para ter um crescimento grande nos próximos dois a três anos. Vamos aumentar o escritório em Portugal, onde temos 14 pessoas, depois de abrirmos em abril com quatro colaboradores, e, em princípio, em dezembro ou janeiro próximos iniciaremos uma nova fase de recrutamento para Portugal (cerca de 20 pessoas) e Amesterdão, e que são os nossos maiores escritórios operacionais. O Brasil também está numa fase de expansão.
VE - A Farfetch cotou em Nova Iorque. É um exemplo para a Mycujoo?
RR - É um orgulho olhar para empresas e ver a bandeira nacional em Wall Street e, claro que sim, obviamente ambicionamos chegar o mais longe possível e eu acredito que o futuro do Mycujoo poderá ser um futuro como a Farfetch, porque estamos a pegar num mercado que ninguém tinha e neste momento já estamos a trabalhar em mais de 90 países, com mais de 120 associações, federações e clubes. Estamos a falar de um mercado de 400 milhões de jogadores e quatro milhões de clubes e, perante esta realidade, só podemos dizer que temos uma ambição e os próximos passos serão importantes para a definição dessa estratégia.
VE - Qual a relação do Mycujoo com os grandes distribuidores online mundiais? E qual a relação com a Amazon?
RR - Temos uma relação muito boa, utilizamos serviços na Amazon e somos uma empresa onde o nosso produto cresce de dia para dia. Consumimos cada vez mais serviços da Amazon com mais cloud, mais streaming e temos mais utilizadores na plataforma. Friso que para nós é essencial ter parceiros como eles, pois ser-nos-ia impossível como startup termos os nossos próprios meios com os níveis de serviço da Amazon.
VE - Como foram parar à história-documentário da Amazon que será transmitida pela Netflix?
RR - Segundo a Amazon, somos uma das startups com maior potencial de crescimento a nível nacional dentro da carteira de clientes deles. E o convite surge não apenas por isso, mas muito em particular pelo impacto que estamos a criar dentro das comunidades. Na prática, estamos a permitir que essas comunidades tenham acesso a conteúdos que nunca tiveram, sendo que os resultados desse trabalho fizeram com que com a Amazon nos tenha escolhido como startup a relevar.
VE - Na prática, estão a democratizar o acesso da população mundial a um entretenimento de eleição, o futebol. Isto já teve resultados a nível de eventuais abordagens por gigantes do setor para algum alinhamento de negócio ou fusão?
RR - O facto de termos parcerias com confederações de todo o mundo fez, que fôssemos abordados por empresas que queriam, primeiro, perceber como está a evoluir o mercado digital e, segundo, avançar com intenções mais profundas e que demonstraram interesse na Mycujoo.
VE - No vosso trabalho utilizam a marca Portugal?
RR - Em Portugal utilizamos o conteúdo Portugal que temos eque é muito importante para nós. Este é um mercado em que apostamos muito, porque o futebol nacional tem muita qualidade. Acabamos por ter futebol de grande qualidade em campeonatos inferiores, seja em campeonato de III divisão, seja com as associações regionais. Transmitimos muitos jogos da 1ª Liga feminina que tem parcerias connosco. O Braga transmite desde os sub 19, aos miúdos e à equipa feminina.
VE - Os direitos televisivos não impedem o vosso crescimento, pois já existem com os grandes clubes?
RR - Não, porque esses não podemos transmitir. Temos a parceria do Braga com tudo à exceção da equipa principal, não é o nosso foco, pois sempre foi focar-nos nos grupos que não tivessem exposição e ajudá-los a criar um produto e marca sustentáveis. Ajudamos os clubes a fazer receitas. Acreditamos nos “underdogs”, os clubes e as comunidades que não têm visibilidade e se calhar são 80% do mercado, o que significa que ainda temos tanto para explorar em Portugal e no resto do mundo. Sabemos também que há uma grande oportunidade com clubes profissionais como o Braga, e Boavista e o Belenenses, que vão trabalhar connosco. Todos estes clubes têm uma janela de oportunidade com o Mycujoo, podemos ser a extensão da TV com a solução digital. Para eles, porque somos uma plataforma com o mundo inteiro, com grandes entidades, grátis e que pode ser a solução no imediato. E depois também podemos ser alternativa à TV.
VE - Não têm receio de ser replicados?
RR - Não, porque a alma do negócio não está com a parte técnica, esta com as pessoas com o conhecimento que as pessoas vão tendo, continuamos a acreditar que os investidores investiram na empresa especialmente por causa das pessoas, claro que tem que haver valor no produto e produto tem que lá estar.
Ricardo Rodrigues - Nesta fase temos cerca de três milhões de usuários por mês, e estamos em mais de 90 países, já com parcerias com clubes, ligas e confederações.
VE - Pode-se dizer que esta “rising” star é quase uma multinacional em termos de presenças?
RR - Somos claramente uma empresa internacional que está em todos os cantos do mundo. Fomos a primeira empresa a fazer uma transmissão simultânea nos cinco continentes com as várias confederações mundiais. Tivemos jogos em simultâneo com as seis confederações mundiais de futebol e trabalhámos sempre a plataforma de futebol e dos desportos derivados de futebol, ou seja, o futsal e o “beach soccer”.
VE - E como é que conseguem ultrapassar os direitos de imagem que já existem em todo o mundo nas grandes ligas?
RR - Só transmitimos jogos em que temos parceria com os donos que têm os direitos dos conteúdos. Temos direitos digitais sobre muitos conteúdos em todo o mundo, por exemplo, temos direitos em quatro dos maiores mercados digitais do mundo. Na Indonésia, que é um dos maiores mercados digitais do mundo, temos um contrato de quatro anos de direitos digitais da 1ª, 2ª e 3ª divisões da Liga indonésia. Outro exemplo é com a 1ª divisão feminina do Japão, onde temos os direitos digitais, sendo que esta Liga é uma das maiores e mais conhecidos de futebol feminino do mundo. Este é um contrato a três anos e foi um “case study” muito interessante, pois estavam à espera de ter 5 a 6 mil usuários por jogo mas estão a ter à volta de 26 mil usuários por jogo.
VE - O que explica este fenómeno?
RR - Exatamente porque trabalhamos a comunidade de futebol. Estamos num mercado onde temos um contrato com duas das maiores Ligas de futebol amador masculino e feminino do mundo. A masculina tem cerca de 140 clubes por todo o país.
VE - Como conseguem rentabilizar este tipo de televisão?
RR - As plataformas estão cada vez mais em voga e entrámos no mercado há algum tempo. Há cerca de três anos acreditámos na comunidade e na massa que podemos trazer ao agregarmos toda esta comunidade dos vários campeonatos das várias ligas e dos vários parceiros que temos.
A nossa plataforma é grátis, mas comercializamos o conteúdo com os nossos parceiros e com os quais temos uma partilha de receitas. Temos acesso aos direitos digitais e comercializamos com eles publicidades e patrocínios e tudo à volta do vídeo.
O digital já provou muitas vezes que já ultrapassou a televisão convencional em muitos aspetos, especialmente em audiências.
VE - Qual é o volume de negócios esperado este ano?
RR - Entre dois milhões e 2,5 milhões de dólares de receita.
VE - Acredita que a tv em streaming tem futuro?
RR - Acreditamos que é claramente o futuro. Nos nossos usuários cerca de 70% vê tv através do telefone. Têm tudo na palma das mãos.
VE - Como a “rising star” também já fez levantamento de fundos?
RR - Estamos nesta fase a levantar uma ronda de investimento grande e que esperemos que seja fechada até ao final do ano e depois daremos detalhes.
VE - Até onde pode ir essa angariação e capital? Qual o objetivo?
RR - Precisamos de fundos para dar sustentabilidade à empresa e capacidade para ter um crescimento grande nos próximos dois a três anos. Vamos aumentar o escritório em Portugal, onde temos 14 pessoas, depois de abrirmos em abril com quatro colaboradores, e, em princípio, em dezembro ou janeiro próximos iniciaremos uma nova fase de recrutamento para Portugal (cerca de 20 pessoas) e Amesterdão, e que são os nossos maiores escritórios operacionais. O Brasil também está numa fase de expansão.
VE - A Farfetch cotou em Nova Iorque. É um exemplo para a Mycujoo?
RR - É um orgulho olhar para empresas e ver a bandeira nacional em Wall Street e, claro que sim, obviamente ambicionamos chegar o mais longe possível e eu acredito que o futuro do Mycujoo poderá ser um futuro como a Farfetch, porque estamos a pegar num mercado que ninguém tinha e neste momento já estamos a trabalhar em mais de 90 países, com mais de 120 associações, federações e clubes. Estamos a falar de um mercado de 400 milhões de jogadores e quatro milhões de clubes e, perante esta realidade, só podemos dizer que temos uma ambição e os próximos passos serão importantes para a definição dessa estratégia.
VE - Qual a relação do Mycujoo com os grandes distribuidores online mundiais? E qual a relação com a Amazon?
RR - Temos uma relação muito boa, utilizamos serviços na Amazon e somos uma empresa onde o nosso produto cresce de dia para dia. Consumimos cada vez mais serviços da Amazon com mais cloud, mais streaming e temos mais utilizadores na plataforma. Friso que para nós é essencial ter parceiros como eles, pois ser-nos-ia impossível como startup termos os nossos próprios meios com os níveis de serviço da Amazon.
VE - Como foram parar à história-documentário da Amazon que será transmitida pela Netflix?
RR - Segundo a Amazon, somos uma das startups com maior potencial de crescimento a nível nacional dentro da carteira de clientes deles. E o convite surge não apenas por isso, mas muito em particular pelo impacto que estamos a criar dentro das comunidades. Na prática, estamos a permitir que essas comunidades tenham acesso a conteúdos que nunca tiveram, sendo que os resultados desse trabalho fizeram com que com a Amazon nos tenha escolhido como startup a relevar.
VE - Na prática, estão a democratizar o acesso da população mundial a um entretenimento de eleição, o futebol. Isto já teve resultados a nível de eventuais abordagens por gigantes do setor para algum alinhamento de negócio ou fusão?
RR - O facto de termos parcerias com confederações de todo o mundo fez, que fôssemos abordados por empresas que queriam, primeiro, perceber como está a evoluir o mercado digital e, segundo, avançar com intenções mais profundas e que demonstraram interesse na Mycujoo.
VE - No vosso trabalho utilizam a marca Portugal?
RR - Em Portugal utilizamos o conteúdo Portugal que temos eque é muito importante para nós. Este é um mercado em que apostamos muito, porque o futebol nacional tem muita qualidade. Acabamos por ter futebol de grande qualidade em campeonatos inferiores, seja em campeonato de III divisão, seja com as associações regionais. Transmitimos muitos jogos da 1ª Liga feminina que tem parcerias connosco. O Braga transmite desde os sub 19, aos miúdos e à equipa feminina.
VE - Os direitos televisivos não impedem o vosso crescimento, pois já existem com os grandes clubes?
RR - Não, porque esses não podemos transmitir. Temos a parceria do Braga com tudo à exceção da equipa principal, não é o nosso foco, pois sempre foi focar-nos nos grupos que não tivessem exposição e ajudá-los a criar um produto e marca sustentáveis. Ajudamos os clubes a fazer receitas. Acreditamos nos “underdogs”, os clubes e as comunidades que não têm visibilidade e se calhar são 80% do mercado, o que significa que ainda temos tanto para explorar em Portugal e no resto do mundo. Sabemos também que há uma grande oportunidade com clubes profissionais como o Braga, e Boavista e o Belenenses, que vão trabalhar connosco. Todos estes clubes têm uma janela de oportunidade com o Mycujoo, podemos ser a extensão da TV com a solução digital. Para eles, porque somos uma plataforma com o mundo inteiro, com grandes entidades, grátis e que pode ser a solução no imediato. E depois também podemos ser alternativa à TV.
VE - Não têm receio de ser replicados?
RR - Não, porque a alma do negócio não está com a parte técnica, esta com as pessoas com o conhecimento que as pessoas vão tendo, continuamos a acreditar que os investidores investiram na empresa especialmente por causa das pessoas, claro que tem que haver valor no produto e produto tem que lá estar.