Beltrão Coelho aposta na personalização de serviços e robótica
“Para o futuro, estamos a apostar na personalização dos serviços, projetos ‘à medida’ e na nossa nova área, a robótica”, afirma Ana Cantinho, diretora-geral da Beltrão Coelho, que pertence à terceira geração da família. A empresa comemora 70 anos de sucesso, tendo aumentando o volume de negócios em 40% nos últimos cinco anos.
Vida Económica - A Beltrão Coelho foi pioneira em numerosos campos de atuação, tanto da impressão como da fotografia e outras tecnologias e serviços em Portugal. Como se reinventa hoje em dia e quais as principais apostas para o futuro?
Ana Cantinho - A Beltrão Coelho sempre procurou estar no pelotão da frente: tanto nos produtos comercializados, como no tipo e na qualidade dos serviços que presta aos seus clientes. A inovação é imprescindível para obter uma boa penetração no mercado. Isto, aliado a uma boa capacidade de adaptação, rigor ético e uma equipa de pessoas dedicadas, fazem da Beltrão Coelho uma empresa forte e de sucesso. Estamos constantemente atentos às alterações no mercado e às necessidades dos nossos clientes. O cliente é sempre o nosso foco. Para o futuro, estamos a apostar na personalização dos serviços, projetos “à medida” e na nossa nova área, a robótica.
VE - A robótica será um setor primordial para a Beltrão Coelho? Qual o investimento que foi feito nesta área? Quais as aplicações práticas dos robôs e que fatia do negócio representará este setor?
AC - A robótica é uma área bastante recente e o mercado está ainda a tomar consciência das suas potencialidades. Esperamos que cresça de ano para ano. Será a tendência natural, não há como fugir disto.
O maior investimento feito foi, sem dúvida, a nível de know-how. A nossa robôt Sanbot pode funcionar em eventos como hospedeira ou promotora de uma marca, de um produto ou serviço. Como hospedeira, por exemplo, pode dar as boas-vindas a quem entra no evento, pode fazer o check-in automático, ler “badges”, gerir uma fila, orientando os convidados para a linha correta, dançar, tirar uma “selfie” com as pessoas, enfim, é um universo infinito de possibilidades onde é preciso ter imaginação para alcançar todo o seu potencial.
No caso de promotora, pode fazer a promoção de produtos e serviços no ponto de venda, interagir com um cliente através de um chatbot inteligente, distribuir um “voucher” com código promocional ou mesmo converter uma venda. Tudo depende da profundidade de programação que o cliente queira dar à Sanbot.
Relações pessoais são ponto forte das PME
VE - Para este novo setor foi necessário recrutar mais pessoas? Quantas pessoas trabalham na Beltrão Coelho?
AC - A Beltrão Coelho tem, neste momento, 74 colaboradores. Destes, cinco estão exclusivamente dedicados à robótica, embora existam outros, que apoiam em tarefas mais genéricas e administrativas.
VE - Que dificuldades enfrentam as PME portuguesas com a instalação de mais multinacionais em Portugal e quais as “armas” que utilizam para as ultrapassar? Quais os apoios de que dispõem?
AC - A Beltrão Coelho não receia a presença das multinacionais no mercado nacional. Pese embora estas tenham uma autonomia financeira acima da nossa, o que lhes permite uma amplitude de atuação a nível de negócio muito grande, nós temos uma maior criatividade e capacidade de adaptação, de rapidez de resposta e, principalmente, o contacto personalizado com o cliente. As relações pessoais são ainda, e felizmente, um ponto importante do negócio e, nisso, as PME estão muito acima das multinacionais.
VE - A Beltrão Coelho introduziu as TIC nas escolas portuguesas. Atualmente, em que consiste a vossa interação com a educação? Existem parcerias? Para que áreas?
AC - Neste momento, estamos presentes na educação com as soluções integradas de impressão centralizada. Existem algumas parcerias, muito poucas, com “software houses”, mas dependemos essencialmente do nosso departamento interno de software, que tem personalizado este tipo de serviço às necessidades do ensino.
Distribuidor Xerox com maior nível de faturação
VE - A parceria com a Xerox continua desde 2011? Quais os resultados desta parceria?
AC - A parceria mantém-se, com resultados excelentes: somos o distribuidor Xerox com maior nível de faturação, há já cinco anos; devido à especialização demonstrada em
tecnologia e assistência, recursos dedicados, formação técnica e infraestrutura de “backoffice”, estamos no nível Platinum; além disto, o nosso departamento de software foi reconhecido pela Xerox, estando certificado para poder fornecer software a qualquer distribuidor ou cliente Xerox a nível mundial.
VE - A Beltrão Coelho é uma empresa exportadora? Para que mercados?
AC - Neste momento, a exportação não está dentro do plano estratégico da Beltrão Coelho, representando um volume muito residual, sem expressão.
VE - Em que medida ser uma empresa familiar ajudou, ou não, à evolução da empresa?
AC - O facto de sermos uma empresa familiar ajudou, principalmente, na criação de uma personalidade própria com arreigados princípios éticos e com valores e princípios imutáveis, independentemente do crescimento a nível de pessoas e faturação. Na valorização das relações pessoais e no respeito pelos clientes, colaboradores e parceiros. Porque acreditamos que, acima de tudo, somos pessoas a trabalhar com e para pessoas.
Faturação deve atingir os oito milhões de euros
As três áreas de negócio principais da Beltrão Coelho são: o sistema integrado de impressão, com cerca de 93% do volume de faturação; a área de digitalização de documentos históricos e de equipamentos de digitalização, com os restantes 7% do volume de faturação; e a robótica, que, “apesar de, neste momento, ainda não se refletir no volume de faturação, temos a certeza que, no próximo ano, já terá alguma expressão”, afirma Ana Cantinho.
Ao nível dos resultados, “este ano, contamos acabar o ano atingindo os oito milhões de euros de faturação. Foi o objetivo que traçámos no início do ano e que, estamos convictos, conseguiremos atingir”.
Ao nível de evolução da faturação, e “apesar das dificuldades do mercado”, a empresa tem conseguido aumentar todos os anos o seu volume de negócios. Em 2017 aumentou 3% e, já no ano anterior, o tinha feito em 7%. Nos últimos cinco anos, a empresa conseguiu aumentar em 40% o volume de negócios.
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