ALGUNS ASPECTOS DA PERVERSIDADE. O CINISMO NA POLITICA, O CONSUMISMO EM TEMPOS DE CRISE E O IMPACTO SOCIAL DA INFLAÇÃO ;

ALGUNS ASPECTOS DA PERVERSIDADE. O CINISMO NA POLITICA, O CONSUMISMO EM TEMPOS DE CRISE E O IMPACTO SOCIAL DA INFLAÇÃO
Em psicanálise "perversão" é um termo usado para designar um desvio do desenvolvimento normal da personalidade, por parte de um indivíduo (ou grupo).
A atitude dos seres humanos perversos é a de procurar satisfazer os seus desejos sem se importar se esta satisfação vai prejudicar o outro, o que caracteriza um comportamento bastante egoísta e egocêntrico, colocando tudo e todos na posição de objetos capazes de lhe proporcionar prazer. Essa característica de se satisfazer unicamente a si mesmo, sem se preocupar com o outro é marcante na conduta da perversidade dos humanos.
A PERVERSIDADE E O CINISMO NA POLITICA
A política também é um conceito que se relaciona com as questões de governo. É preciso um relacionamento político para que os governantes tomem decisões que respeitem os interesses dos cidadãos. A palavra política tem origem no termo grego politiké, que é a união de outras duas palavras gregas: polis e tikósPolis significa cidade e tikós é um termo que significa o bem comum dos cidadãos. Assim, politiké era um termo grego que significava governo da cidade para o bem comum de todos os cidadãos.
A necessidade de organizar o funcionamento das cidades-Estado aconteceu depois que surgiram classes sociais populares que também desejavam participar das decisões relativas à cidade. 
Os cidadãos também podem participar da política quando fazem uma reivindicação ou quando manifestam a sua vontade para os governantes. Na Grécia antiga o indivíduo não era concebido individualmente, mas apenas como um membro da cidade (pólis). Somente como cidadão o indivíduo poderia participar das decisões políticas da cidade. E somente participando das decisões políticas da cidade ele teria uma razão de ser.
A má administração de alguns políticos faz com que a injustiça prolifere nas cidades. O objetivo da política deve ser exatamente corrigir essa injustiça. É tornar justo aquilo que é injusto.
A desconfiança sempre crescente das populações em relação aos que exercem o poder, tornou as sociedades cada vez mais difíceis de governar, como tantas vezes ouvimos os políticos a lamentarem--se, sem todavia admitirem a sua parte de responsabilidade. Alguns políticos são incapazes de avaliar os contextos mais abrangentes em que se movem a política, a cultura e a história do nosso país. A ambição pelo poder - que lhes foi conferido pelos eleitores - impede-os de servir o país mais do que se serviram a si próprios.
As crises económicas sobretudo das últimas décadas e os fundamentos que estão na sua génese não podiam ter outra consequência que não fosse esta grande desconfiança e desilusão. Há gerações de cidadãos que nunca conheceram outra realidade económica que não fosse de impostos elevados. A incompetência pode explicar uma parte disto, mas não explica tudo.
A perversidade e a distorção não terminam nas campanhas eleitorais, elas apenas começam por lá. Alguns candidatos assumem os seus mandatos com o compromisso de aumentar salários, melhorias na saúde, educação e segurança, benefícios e privilégios, mas depois não cumprem o prometido. Isso viola os princípios da moralidade, igualdade e da eficiência.
A estratégia da economia deste governo é a responsável pela crise que vivemos e será responsável pela parcela na dívida que todos os portugueses terão que pagar nos próximos anos.
Os comportamentos cínicos são perversos. Eles falsificam os afetos, promovem e estimulam a hipocrisia. Embora proporcionem uma satisfação egoísta imediata, o que se perde é muito mais importante.
Ao longo desta Legislatura e meia, o Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa e a sua Ministra da Saúde Doutora Marta Temido, maltrataram, insultaram, enxovalharam e ignoraram os Enfermeiros. Estes mesmos Governantes têm-se recusado sempre a reconhecer a dedicação, a entrega e o espírito de missão, agravando este comportamento cínico com a realidade de se furtarem a pronunciar a palavra ENFERMEIROS, substituindo-a por “Profissionais de Saúde”. É que estes Profissionais têm nome próprio – ENFERMEIROS! Humberto Domingues- Enf. Espec. Saúde Comunitária- 2021.12.26. CINISMO NAS PALAVRAS DO SR. PRIMEIRO-MINISTRO.
(https://enfermagemnasletras.blogspot.com/2021/12/cinismo-nas-palavras...)
A coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou o "exercício de cinismo" de António Costa em relação à Galp, considerando que o primeiro-ministro "não pode estar chocado" depois de nada ter feito para impedir os despedimentos.
A política não pode ser esse exercício de cinismo, a política tem de ser sobre soluções para a vida das pessoas", condenou. Catarina Martins acusa Costa de ″exercício de cinismo″ sobre a … (https://www.dn.pt/politica/catarina-martins-acusa-costa-de-exercicio...)
Hoje em dia, estamos entregues a "gestores" jurídicos, sem qualquer experiência em gestão, com caminhos profissionais trilhados politicamente desde muito cedo, dotados e rodeados de sorrisos cínicos e interesseiros, e que usam e abusam da arte de manipulação e da hipocrisia, em função do (s) seu(s) agrado(s) e do poder (dinheiro).
Resta a esperança, de que os portugueses desenvolvam mais a sua literacia antes de votar, para que um dia o país mude de rumo. (Ricardo Santos- aluno de Gestão de Transporte Aéreo- 2022junho30)
O cinismo num político devia ser considerado uma ofensa pública, está no sistema e corrompe e empobrece a democracia. Um cínico engana, prejudica. “Em boa medida ele é muito mais sério que o endividamento financeiro, a estagnação económica ou desorientação política. Aliás, em boa medida, é já a ele que devemos esses males. Por isso, o cinismo é hoje o maior obstáculo para se sair da crise.” (João César das Neves. 2011 Maio 02. Diário de Noticias)
A literacia financeira está relacionada com a forma como lidamos com as finanças no nosso dia-a-dia. Esta competência não diz respeito apenas ao controlo dos gastos, visto que envolve também a elaboração do orçamento familiar, investimentos e aplicações, isto é, tudo que nos pode proporcionar estabilidade financeira no presente e no futuro. Uma grande parte da população está subordinada ao crédito bancário, não me parece que esteja preocupada com o endividamento e com a insolvência. Era necessário que a literacia financeira fosse ensinada ainda durante a escolaridade dos ensinos, primário, básico e secundário, pois elucidaria sobre as questões importantes com as quais as crianças e os adolescentes lidariam durante a sua vida adulta. 
A PERVERSIDADE DO CONSUMISMO
A diferença entre subir a escala social e escapar do abismo da miséria reside na composição e na estabilidade do rendimento familiar. Este rendimento é composto pela soma do rendimento do trabalho de todas as pessoas empregadas num domicílio (ou família) e do rendimento de todas as outras fontes que não se relacionam diretamente com o trabalho remunerado.
O consumo é classificado como aquilo que o cidadão adquire como forma de satisfação de suas necessidades habituais, isto é, produtos e serviços que servem para a manutenção de uma vida dita normal. Por outro lado, tem-se o consumismo, que diante da atual sociedade de consumo, é o desejo de consumo exacerbado, no qual o indivíduo busca incansavelmente produtos e serviços cada vez mais desnecessários muito em razão da facilidade com o acesso a informações sobre determinado produto que alimenta o interesse em tê-lo. Consequentemente, o “consumismo” é considerado como sendo um desejo impulsivo, descontrolado, irresponsável e muitas vezes irracional que geralmente surge de forte evidência a partir da infância ou na pré-adolescência. Uma de suas características, segundo a corrente da psicologia moderna, é que tem sua origem dentro do próprio núcleo familiar, onde, em lares em que os pais trabalham muito tempo fora de casa, procuram compensar esse distanciamento dos filhos, com presentes, e isto acaba por desencadear uma não consciência acerca de consumir produtos.
Diante de todo este contexto de consumo perverso, e os mais afetados por esse fenómeno são aqueles excluídos do sistema, onde são obrigados a praticarem um consumo exagerado para sentirem-se membros desta rede.
 O consumo, tornado um denominador comum para todos os indivíduos, atribui um papel central ao dinheiro nas suas diferentes manifestações. Fundado numa ideologia, esse dinheiro sem medida torna-se a medida geral, reforçando a vocação para considerar a acumulação como uma meta em si mesma.
A ampliação do consumo dá à pobreza novos conteúdos e novas definições. Além da pobreza absoluta, cria-se e recria-se uma pobreza relativa, que leva a classificar os indivíduos pela sua capacidade de consumir, e pela forma como o fazem. Desta forma o modelo de desenvolvimento que ainda nos rege hoje em dia, tem vindo, progressivamente, a condenar a viabilidade de um desenvolvimento humano económico e social equilibrado e sustentável.
Enquanto se mantiver este modelo económico - político, maiores vão sendo os abismos de injustiça social, maiores os desníveis de desenvolvimento entre regiões e populações do mundo, maiores e mais devastadoras serão as misérias humanas, maior será o empobrecimento de uma economia produtiva e real, produtora de riqueza justa, em bens necessários às necessidades de Desenvolvimento Humano, circulando livremente em "comércio justo", sem o esbanjador consumismo.
A PERVERSIDADE SOCIAL
Pela lógica perversa, nem todos terão dinheiro para comprar alimentos. Ou seja, se a procura cai porque tem menos gente com poder de comprar, o preço também cai. E se tem gente que perde o poder de comprar é porque a fome lhes irá bater à porta.
A inflação é uma perversidade social porque incide sobretudo sobre os mais pobres, reduzindo o seu parco rendimento disponível. A classe média e as empresas são igualmente afetadas. Contudo, não nos esqueçamos que os impostos indiretos aumentarão por causa da inflação, os diretos pelo aumento do PIB e que a dívida irá manter-se e progressivamente aumentar.
Numa economia de mercado, os preços dos bens e serviços estão sujeitos a variações. Alguns preços sobem, outros descem. A inflação ocorre quando se verifica um aumento geral dos preços dos bens e serviços, não apenas de artigos específicos: significa que, com 1 (um) euro, se compra menos hoje do que ontem. Por outras palavras, a inflação reduz o valor da moeda ao longo do tempo.
A subida generalizada dos preços, devido ao substancial aumento dos preços da energia e da alimentação implicará certamente um conjunto de graves problemas sociais.
É evidente que vivemos num mundo de escassez, onde os recursos são limitados. Portugal é um exemplo desta realidade. O efeito mais nocivo é, portanto, a inflação e, com ela, o aumento do custo de vida em geral, que tende a aprofundar o abismo entre os extratos sociais e a reforçar as dificuldades que os indivíduos excluídos enfrentam para sobreviver.
A inflação atua, portanto, como um tributo indireto imposto a toda a sociedade, pois é cobrado na forma de aumento generalizado de preços, que atinge a todos. Os que se beneficiam de tudo isso, portanto, são alguns grandes empresários e o fisco em detrimento dos assalariados, dos pensionistas, dos aposentados e daqueles que vivem na pobreza e na miséria.
Este processo é tão perverso que, o facto do governo querer organizar as finanças públicas, a fim de obter um superavite entre receitas e despesas que o terá de fazer por meio do aumento das receitas tributárias, que conforme o sistema tributário que vigora, pode incidir ainda mais sobre aqueles que já têm poucos recursos e elevar ainda mais a pobreza e a desigualdade social.

João Alexandre Coelho -  Doutorado em Administração Pública (especialização em Contabilidade). Outras habilitações académicas: Mestrado em Gestão (especialização em Auditorias da Qualidade); Licenciado em Economia; Licenciado em Auditoria Contabilística; Bac
JOÃO ALEXANDRE COELHO, 28/09/2022
Partilhar
Comentários 0