Empresas francesas vão criar mais de 2000 postos de trabalho no Norte;

Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa organizou conferência sobre recrutamento
Empresas francesas vão criar mais de 2000 postos de trabalho no Norte
A indústria e os centros de competências estão a ser as duas áreas principais de recrutamento por parte das empresas francesas em Portugal. Nos próximos meses deverão ser criados mais de dois mil novos postos de trabalhos no Norte do país. Estas são algumas das conclusões da conferência “Recrutar em Portugal”, que reuniu várias dezenas de organizações, numa iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Luso Francesa.
O BNP Paribas, Natixis, grupo PSA, e Armatis são sociedades francesas que têm em comum o facto de operarem em Portugal centros de competências que empregam milhares de pessoas e prestam serviços às atividades fora do mercado português. No caso do BNP Paribas, o número de efetivos em Portugal ronda as 3500 pessoas e vai continuar a crescer. O banco Natixis está a instalar um novo centro de serviços no Porto, que vai ter 600 pessoas. O grupo Peugeot Citroen centralizou na Maia os serviços de contabilidade, criando mais de 200 novos postos de trabalho. A Armatis é uma empresa especializada na atividade de “call center” que emprega cerca de 500 pessoas no centro do Porto e “exporta” para França a totalidade dos serviços aí prestados.
A procura crescente de profissionais portugueses que falam a língua francesa levou a Câmara de Comércio e Indústria Luso-      -Francesa a organizar uma conferência sobre o recrutamento em Portugal. O evento contou com a participação do IEFP. O CENFIM esteve representado por Vítor Dias, que abordou o papel da formação profissional no contexto do recrutamento.
Inês Calhabéu, em representação da Egor, analisou as especificidades locais do recrutamento, as remunerações e os formalismos a cumprir. A regulamentação e a legislação do trabalho foi apresentada por Francisco Espregueira Mendes, da Telles Advogados.
 
Empresas francesas apostam na produção industrial

 
Os centros de competências que têm vindo a ser instalados em Portugal permitem aos profissionais portugueses ter a experiência de trabalhar em grandes grupos internacionais sem sair da sua região. A vantagem do emprego direto e imediato é alargada à qualificação obtida que favorece a progressão na carreira. Além dos centros de competências que estão a ser criados pelas grandes organizações, há um grande dinamismo no setor industrial, em particular no setor automóvel, mas também nas PME de vários setores de atividade.
O “boom” de instalação de empresas francesas começou em 2015. Geraldine Dussaubat, que dirige a delegação do Porto da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa, considera que o interesse manifestado pelas empresas francesas não tem comparação com o que existia no passado. A Câmara de Comércio está a apoiar de forma direta a criação de novas empresas de capital francês a um ritmo que não tem precedentes. Entre os setores de atividade procurados pelos empresários franceses incluem-se o vestuário, marroquinaria, mobiliário e outros segmentos da fileira da madeira.
Como principais atrativos de Portugal na perspetiva das empresas francesas, Geraldine Dussaubat destaca um “mix” de fatores como a proximidade geográfica e cultural, a relação qualidade-preço da mão de obra, as infraestruturas existentes.
O aumento de interesse por Portugal não é alheio à diminuição do interesse pelos países do Magreb, onde França tinha uma presença significativa.
Geraldine Dussaubat admite também que as empresas enfrentam um contexto desfavorável e custos elevados em França. Em alguns casos, a deslocalização pode ser indispensável à sobrevivência.
O aumento da atividade das empresas francesas está a determinar uma maior procura de profissionais com conhecimentos de francês. O ensino da língua francesa estava a perder terreno face ao inglês, mas agora o mercado está a valorizar o francês. “Atualmente, quem fala francês tem mais facilidade em arranjar emprego” - refere Geraldine Dussaubat.
 
Oportunidades no setor automóvel
 
Em 2016 houve um aumento considerável do investimento em Portugal por parte de empresas francesas do ramo automóvel. “Cerca de 300 milhões de euros foram investidos, para um total mais de 800 postos de trabalho nas diversas fábricas recentemente instaladas ou em filiais de empresas francesas implantadas há muito em Portugal” – referiu Carlos Aguiar.
Para o presidente da Câmara de Comércio e Industria Luso-Francesa estes dados valorizam o novo Cluster Automóvel recentemente constituído. Trata-se de uma rede de cerca de 200 fabricantes de acessórios, que contribui para 4,4% do PIB, 12,5% das exportações nacionais e 6,5% do emprego da indústria de transformação.
A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa vai organizar uma conferência no dia 30 de março, no Porto, para avaliar a situação atual do setor automóvel, e realçar as vantagens do país para atrair e facilitar outros investimentos estrangeiros.
Neste evento vão participar os principais atores do setor, incluindo construtores franceses, fabricantes de acessórios de primeira linha, empresas do ramos, profissionais ligados ao setor e potenciais investidores.

 

Susana Almeida, 10/03/2017
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