Falta de mão de obra qualificada coloca em risco o investimento estrangeiro em Portugal;

Carlos Aguiar, presidente da Câmara de Comércio e Industria Luso-Francesa (CCILF), considera
Falta de mão de obra qualificada coloca em risco o investimento estrangeiro em Portugal
“É necessário identificar muito rapidamente as áreas onde a escassez de mão de obra é maior e formar muito mais pessoas nos domínios em questão”, afirma Carlos Aguiar.
“O que está realmente em jogo é a atratividade do país, consequentemente o investimento estrangeiro. Sem mão de obra disponível, o risco dos grupos instalados não poderem permanecer a longo prazo em Portugal é muito grande”, acrescenta o presidente da Câmara de Comércio e Industria Luso-Francesa (CCILF).

Vida Económica - Como surgiu esta iniciativa na vertente da formação?
Carlos Aguiar - A Câmara de Comércio e Industria Luso-Francesa (CCILF) é o organismo de apoio das empresas francesas instaladas em Portugal, ou que tencionam desenvolver-se neste mercado. Neste âmbito, estamos em contacto direto e permanente com as empresas e as suas necessidades.
 A CCILF intervém no apoio, e dispõe nomeadamente de um serviço Emprego, criado em 1995, que gere mais de dois mil CV de candidatos, bilingues, para responder <s necessidades de recrutamento das empresas que fazem parte da nossa rede de sócios, ou não.
Em 2016, as solicitações deste serviço dispararam de forma drástica, com a gestão de 265 ofertas de emprego recebidas por parte das empresas. Esta situação acompanha o investimento francês no país, que tem crescido de forma consequente, com a instalação de filiais de multinacionais ou de empresas de direito português em áreas tão diversas como a indústria (têxtil, marroquinaria, metalomecânica, automóvel, etc.) ou os serviços (contabilidade, “call-centers”, informática, etc.).
 
VE - Em que áreas existe mais falta de pessoas com as qualificações desejadas pelas empresas?
CA - São vários setores: candidatos que dominam perfeitamente o francês; técnicos para as áreas acima definidas (metalomecânica, moldes, setor automóvel, marroquinaria, textil, etc.); quadros formados em informática e em contabilidade; quadros de alto nível para cargos de responsável de produção.
 
VE - Ouvimos dizer com frequência que há bastantes jovens muito qualificados que não conseguem encontrar emprego. Também há postos de trabalho que não são preenchidos por falta de pessoas com o perfil necessário?
CA - Sim, com certeza. Existem regularmente casos em que é necessário ir buscar as pessoas em países de língua francesa como o Magreb, a Suíça ou a Bélgica para poder encontrar o perfil desejado – nomeadamente no caso do domínio do francês.
No que diz respeito a técnicos, há uma penúria muito grande de pessoal qualificado em algumas áreas bem definidas como os fresadores, engenheiros eletrotécnicos, etc..
 
VE - Que entidades poderão estar envolvidas nesta iniciativa?
CA - A CCILF intervém de maneira pontual por trazer competências linguísticas.
Os gabinetes de recrutamento também já têm conhecimento da situação e têm multiplicado meios para encontrar soluções, como solicitar por exemplo às sedes em França para divulgar as necessidades junto da comunidade portuguesa instalada no país.
No entanto, a verdadeira problemática reside na base, ou seja, no tipo de formação dispensada localmente. É necessário identificar muito rapidamente as áreas onde a escassez de mão de obra é maior e formar muito mais pessoas nos domínios em questão.
O que está realmente em jogo é a atratividade do país, consequentemente o investimento estrangeiro. Sem mão de obra disponível, o risco dos grupos instalados não poderem permanecer a longo prazo em Portugal é muito grande.
Susana Almeida, 13/01/2017
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