Pandemia acelerou transformação tecnológica das empresas;

CSide, Fixando, Rangel Logístics Solutions, EDIGMA, Insania e KuantoKusta abraçam o mundo digital
Pandemia acelerou transformação tecnológica das empresas
CSide, Fixando, Rangel Logístics Solutions, EDIGMA, Insania e KuantoKusta são empresas onde as ferramentas tecnológicas fazem parte integrante dos negócios. A pandemia apenas acelerou as transformações em curso.
Os workshops, os pagamentos online, o calendário digital, a adoção da cloud, entre tantas outras “ferramentas” digitais, aumentaram os negócios. As empresas agilizaram procedimentos e reforçaram a aposta da inovação e nas pessoas.

O teletrabalho é cada vez mais utilizado e as redes sociais são fundamentais ao desenvolvimento do negócio.
Vida Económica – Que desafios está a colocar a transformação digital na empresa?

Francisco Gonçalves (CEO da CSide) - A aceleração da transformação digital devido à epidemia, de certo modo, até beneficiou a atividade da CSide. Enquanto empresa que desenvolve software, temos muitas reuniões com clientes espalhados pelo país e o facto de estas reuniões passarem a ser todas remotas veio acelerar e facilitar a atividade comercial. O teletrabalho já era habitual na nossa empresa e passou a ser a norma.
Miguel Mascarenhas (CEO da Fixando) - Sendo uma empresa que atua exclusivamente no mercado online e cuja equipa se encontra localizada em vários países, já estávamos habituados a utilizar os canais digitais como principal meio de comunicação.
No que diz respeito aos nossos utilizadores, particularmente os profissionais que utilizam a Fixando para encontrar novos clientes e que com a pandemia se viram obrigados a transitar, muitos deles totalmente, para o digital, assistimos a alguns desafios, nomeadamente a falta de literacia digital, o desconhecimento quanto às melhores ferramentas disponíveis (quer seja para reunir com potenciais clientes, quer seja para cobrarem pelos seus serviços à distância) e a falta de preparação geral para garantir a continuidade dos seus negócios apenas no online.
De forma a ajudarmos os profissionais a superar estes desafios temos vindo a desenvolver vários projetos, nomeadamente através de workshops e da disponibilização de ferramentas úteis (como uma aplicação de pagamentos online e um calendário digital), que, acreditamos, tem permitido uma transformação digital sustentável aos prestadores de serviços.
Nuno Rangel (CEO da Rangel Logístics Solutions) - A Rangel à semelhança de tantas outras organizações está a ser desafiada para acomodar uma nova forma de pensar os negócios e a sua relação com os clientes, parceiros e a própria comunidade, por via da digitalização da economia e dos negócios. O principal desafio é a velocidade e a aceleração a que os problemas surgem e urgem as respostas. Isto obriga-nos a repensar as nossas arquiteturas e metodologias de trabalho, com vista à adaptação a esta nova velocidade. A adoção da cloud, como acelerador de soluções e a adoção de metodologias ágeis estão no centro desta nova forma de pensar os projetos e o desenho das soluções. Cada vez mais precisamos de estar perto dos clientes, ouvir o seu feedback e rapidamente integrá-lo nos nossos produtos e serviços. Também sentimos que os clientes estão cada vez mais exigentes no que à experiência diz respeito, e querem ter a informação adequada, no momento, com grande acessibilidade e elevados padrões de usabilidade. Em 2019, tomamos a decisão de alterar o nosso Transport Management System (TMS), a pandemia em 2020, veio atrasar a sua implementação, mas em fevereiro último o projeto terminou com sucesso, este investimento veio ajudar-nos a dar passos muito rápidos na transformação digital de vários processos na gestão de todos os nossos transportes internacionais, foi um investimento acertado que veio num momento muito importante.
Miguel Oliveira (CEO e fundador da EDIGMA) - Durante este período a forma de atuar está a transformar-se e os líderes de mercado estão a mudar nas mais diversas áreas. Na EDIGMA não foi diferente, apesar da forte componente tecnológica já presente na nossa organização, também nós tivemos necessidade de adaptar a estratégia à nova realidade.  
Ficou evidente muito cedo que a melhor estratégia que podíamos adotar era uma estratégia de flexível e com capacidade de adaptação constante. Essa estratégia transcreveu-se num investimento também em transformação digital, que resultou numa maior aposta nas pessoas e na inovação das suas capacidades, transcreveu-se na adoção de novas ferramentas digitais que nos tornaram mais ágeis independentemente da localização de cada um, transcreveu-se num estudo aprofundado do mercado e na atitude pró-ativa na junção destas matérias. 
Tencionamos manter a mesma atitude e mentalidade face a este conceito de “transformação digital”, que tem revelado estar num caminho assertivo.
Maria Amélia Teixeira (CEO da Insania) - Hoje há mais pessoas a comprar online e, por isso, o desafio está na resposta rápida que temos de dar às questões de logística, nomeadamente na reposição de stock e entrega de encomendas. Embora já tenhamos anos de experiência em e-commerce, durante o período de confinamento fomos postos à prova. Alguns fornecedores não conseguiram cumprir prazos, o que atrasou a entrega de alguns produtos e levou-nos a repensar a nossa estratégia, aumentando a nossa equipa e diversificando a nossa oferta. Atualmente, e a trabalhar em pleno segundo confinamento, podemos dizer que já estamos preparados para antecipar cenários como este. Além disso, ganhamos destaque junto de novos targets e temos mantido o volume elevado de vendas. Neste momento, estamos a trabalhar para consolidar o reconhecimento da marca Insania.
Paulo Pimenta (CEO da KuantoKusta) - A pandemia trouxe sem dúvida um mundo mais digital. Não só o consumo de bens, mas também o consumo online de informação e entretenimento. O número de encomendas online aumentou, mas o que se destaca é sem dúvida o crescimento de áreas antes com menor adopção no ecommerce, como é o caso das áreas de saúde e cosmética, bricolage, etc.
No entanto, esta digitalização trouxe alguns desafios. Muitos lojistas não estavam preparados para esta digitalização e desta forma foi necessário um maior acompanhamento da nossa parte. A passagem de informação, tendências e boas práticas foi essencial para que muitos conseguissem adaptar-se à nova realidade.
O grande aumento de encomendas fez com que surgissem alguns problemas a nível logístico, que foram colmatados uma vez mais recorrendo à comunicação constante com os parceiros do KuantoKusta. Esta experiência foi bastante importante para o KuantoKusta e levou à criação de um novo projecto: A Kargo - que vem trazer uma nova solução de gestão e entrega de mercadorias para o mercado nacional.
No lado do KuantoKusta foi necessário a contratação de novos colaboradores, principalmente nas áreas de atendimento ao cliente, sistemas de informação e comercial. Desde 2020 já demos boas-vindas a mais de 30 novos colegas.

Teletrabalho é uma boa opção

VE – O teletrabalho está a revelar-se uma boa opção?
FG - Sim, o regime atual de teletrabalho tem-se revelado uma boa opção para os colaboradores e para a CSide. Apesar de se perdero contacto presencial entre colaboradores e com os clientes,acreditamos que não reduziu a produtividade e que irá permanecer uma opçãomuito válida para além da pandemia.
MM - Com a pandemia, as regras de distanciamento social e o confinamento esperava-se uma quebra acentuada no sector dos serviços o que se refletiria, inevitavelmente, numa queda no crescimento da Fixando. Contudo, felizmente, registámos um crescimento positivo tanto a nível de novos profissionais como a nível de novos clientes, relevando, assim, não só a adaptabilidade da equipa Fixando ao teletrabalho mas também uma transformação no mercado dos serviços.

No ano de 2020 lançámos cerca de 20 categorias exclusivas de prestação de serviços online e em 2021 mais de 63% dos profissionais registados presta serviços remotamente
NR - As empresas têm agora novas atividades para com a gestão das suas pessoas, na dimensão do teletrabalho, nomeadamente garantir que os colaboradores tenham realmente possibilidade de realizar o trabalho on-line, quer pela necessidade de garantir condições de trabalho para esse efeito, quer pela gestão do trabalho que se apresenta de forma diferente.
Segundo os resultados que obtivemos de um survey interno, de colaboradores que fazem teletrabalho, constatamos que 61% dos inquiridos estão satisfeitos com esta situação, 90% considera que poderá ser uma solução para o futuro e 70% recomendaria esta forma de trabalho a outras pessoas. Percebemos ainda que, as principais dificuldades e desvantagens do teletrabalho estão relacionadas com o afastamento social e o espaço para o efeito, e relativamente às principais vantagens destaca-se o ganho de tempo e diminuição de custos.
Assim, concluímos que o teletrabalho veio para ficar e os modelos híbridos serão os que terão mais aceitação e eficácia, os sistemas de informação de modo geral estarão no topo das preocupações e isso terá reflexo nos orçamentos das organizações e, por último, as partes terão um esforço de adaptação à nova realidade, no que diz respeito à gestão de recursos humanos, nos seus processos mais críticos. Obviamente que o teletrabalho, será uma excelente opção no futuro, mas num modelo, onde não existe a obrigação do mesmo, como passamos no momento, a flexibilidade no futuro de onde podemos desempenhar o nosso trabalho, vai trazer um aumento de produtividade e de bem-estar para todos.
MO - O bem-estar dos colaboradores é para a organização uma prioridade e desde cedo o modelo de teletrabalho foi adotado como prevenção ao rápido desenvolvimento da pandemia, diversos foram e continuam a ser os desafios enfrentados, contudo a cultura organizacional fez com que esta transição decorresse de forma natural e o mindset intrínseco despoletou novas oportunidades.
Somos reconhecidos pela capacidade inovadora e disruptiva na implementação de experiências imersivas e de digital signage no mercado “digital out-of-home”, o grupo Edigma é constituído por 3 empresas e mais de 80 pessoas que se redefiniram em teletrabalho e onde a sua dinâmica permitiu apresentar ao mercado, muito rapidamente, três novas soluções tecnológicas que ajudam a combater a pandemia. 
Se por um lado o novo sistema contact-free permite aos visitantes de espaços físicos emitir senhas virtuais e aguardar em segurança no seu espaço, por outro lado o novo equipamento SANUS visa garantir a higienização de todos os visitantes enquanto minimiza a possibilidade de contágio e comunica através do ecrã digital mensagens de sensibilização e promoção. Já no último trimestre de 2020 apresentamos o ARA, um equipamento capaz de medir a temperatura e detetar a utilização da máscara. O aparelho ajuda a proteger quem frequenta os espaços e apresenta notificações visuais e sonoras que alertam caso se verifiquem não conformidades, quer na temperatura, quer no uso de máscara. 
Fica para nós claro que o teletrabalho não se tem apresentado com um obstáculo ou uma ameaça, mas sim uma oportunidade de desenvolver novas capacidades e fazer a organização crescer como um todo.
MAT - Sim, para os colaboradores que podem ficar em teletrabalho. Temos uma equipa de logística que continua a trabalhar em armazém para que todas as encomendas cheguem até casa dos clientes. Os restantes colaboradores trabalham de casa e têm mantido a produtividade, chegando mesmo a desafiar-se em termos profissionais, pois o volume de trabalho aumenta durante o período de confinamento. Desde que as condições de trabalho estejam garantidas, como equipamento informático e material necessário à disposição, bem como as condições físicas para trabalhar, o teletrabalho tem-se revelado muito útil e poderá ser visto como uma alternativa sempre que se justificar.
PP - O Teletrabalho foi um dos grandes desafios de 2020 e 2021. Foi necessário ajustar alguns processos e práticas existentes.
Adoptamos o uso de uma ferramenta que recolhe feedback de forma anónima, para tornar mais fácil monitorizar o estado de espírito dos nossos colaboradores e também deixá-los mais à vontade para deixar críticas construtivas.
Esta ferramenta ajudou-nos a ser mais expeditos a tomar ações para melhorar a saúde e bem-estar dos nossos colaboradores. O confinamento levou a um maior cansaço mental e conciliar o teletrabalho com a tele-escola tornou-se uma tarefa complicada para alguns pais. Para melhorar o seu dia a dia, permitimos horários de entrada e saída flexíveis e implementamos o KK Wellness - um programa que permite os colaboradores do KuantoKusta de uma forma gratuita terem aulas com um personaltrainer e desta forma melhorarem a sua condição física.
O facto de não partilharmos um espaço físico torna mais difícil a comunicação e isso levou à implementação de novas formas de interação (entre departamentos e dentro das próprias equipas). Todos os dias as equipas reúnem-se pela manhã ( na chamada daily um termo adoptado da metodologia scrum) , ideal para desbloquear tarefas, dar visibilidade e até para promover o convívio. Para além disto, todas as semanas há partilha de resultados e este ano adoptamosOKR's  ( uma framework desenvolvida pela google na definição de objectivos) que torna muito mais fácil estreitar o sentido de propósito e de conexão entre o colaborador e a empresa.
A experiência tem sido positiva, no entanto não adotaremos a modalidade full-remote após pandemia. Na nossa experiência a troca de ideias, integração de novos elementos e manutenção da cultura tornam-se mais fáceis quando partilhamos o mesmo espaço.

Redes sociais fundamentais para o negócio

VE – A atuação nas redes sociais é importante para o desenvolvimento do negócio?
FG - Sim, as redes sociais são desde há muitos anos fundamentais no desenvolvimento do nosso negócio. As redes sociais constituem umdos veículosprincipais de divulgação dos produtos e soluções da CSide, de contacto com clientes e parceiros, permitindo também estar a par dos últimos desenvolvimentos no nosso setor.
MM - Ainda que as redes sociais tenham um papel importante nos negócios, acreditamos que é fundamental para os negócios, particularmente no sector dos serviços, investirem na sua presença online através de plataformas especializadas, como a Fixando, que transmitam aos potenciais clientes mais segurança e que permitam a criação de um perfil online, direcionado para a sua área de atuação, onde possam incluir uma apresentação dos seus serviços, avaliações de clientes anteriores e certificações relacionadas com o seu negócio.
NR - As marcas devem estar presentes onde os seus clientes se encontram, e sabendo que o número de utilizadores de redes sociais tem crescido exponencialmente, tendo, também, a sua utilização vindo a assumir uma influência cada vez mais evidente na sociedade, marcar presença nestas plataformas torna-se indispensável. Constitui uma excelente oportunidade para criar e fortalecer laços com os atuais e potenciais clientes, e permite ainda posicionar a nossa marca enquanto referência nas suas áreas de atuação.
Tendo consciência disso mesmo, na Rangel, procuramos através das redes sociais disponibilizar conteúdo relevante que permita dar resposta às principais questões dos nossos clientes, mas, também, a todos os que se possam interessar pelo domínio da logística.
No fundo, pretendemos acrescentar valor e conhecimento em todas as interações que estabelecemos com os nossos interlocutores, tendo já conseguido aumentar a notoriedade da marca e elevar os seus índices de autoridade no mercado, pela oportunidade que temos de demonstrar toda a expertise da Rangel em todas as áreas da logística.
Num período particularmente desafiante, como o que estamos a viver, desempenhou um papel importante em aproximar todos os que fazem parte do universo Rangel e, também, a dar nota do contributo que a Rangel e as suas soluções prestaram à sociedade nesta fase tão exigente para todos nós.
MO - A atuação das redes sociais oficiais da EDIGMA já tinham um papel relevante no desenvolvimento de negócio no período pré-pandemia, enquanto veículo online de disseminação da atividade da empresa e ponto de interação em tempo real com o nosso público. Durante este período de pandemia, a utilização das redes sociais a nível global aumentou e os contactos presenciais diminuíram drasticamente. Estes dois fatores acumulados fizeram com que se procurasse potenciar os canais digitais onde conseguimos interagir com a nossa audiência e fazer crescer a nossa comunidade, assim como identificar novas oportunidades e ferramentas que nos permitam estar mais próximos de quem nos segue. 
MA - Sem dúvida. Hoje em dia quem não tiver presença digital, sobretudo nas redes sociais, é como se não existisse. É fundamental quando queremos chegar a um maior número de pessoas. As redes sociais tornam-nos mais próximos e é a partir daqui, também, que muitos clientes nos podem encontrar. Atrás de uma marca existe vida e, como tal, a própria marca tem vida e tem personalidade. Além disso, o nosso negócio é 90% digital, por isso, a importância das redes sociais é vital para dar a conhecer a marca e gerar vendas.
PP - As redes sociais são essenciais no nosso negócio e a forma como as conduzimos varia consoante a plataforma.
Em geral usamos o Instagram e LinkedIn para dar a conhecer a nossa cultura e o lado mais "humano" KuantoKusta. Desde que mudamos a nossa estratégia nestas plataformas o número de candidaturas tem vindo a aumentar, assim como a interação por parte do nosso público. Usamos também estas plataformas como ferramenta de brandawareness e aquisição de novos clientes.
Em facebook e pinterestadoptamos uma estratégia mais "comercial" de divulgação de produtos e categorias.
Tentamos sempre perceber o comportamento do utilizador e o que faz sentido partilhar em cada plataforma, não somos adeptos do one-size-fits-all.
Através de anúncios pagos nas ferramentas anteriormente referidas temos como objectivo o aumento da conversão no nosso website e a aquisição de novos clientes. Mantendo sempre um ROAS positivo tentamos maximizar o número de encomenda no nosso marketplace.
VIRGÍLIO FERREIRA virgilio@vidaeconomica.pt, 29/03/2021
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