Euribors continuam a acelerar;

Mercado Monetário Interbancário
Euribors continuam a acelerar
Nova semana e mais uma subida das Euribor, desta feita com movimentos entre os entre os 13 pontos base (pb) e os 30 pb, o que levou as Euribor a 1, 3 e 6 meses a renovarem máximos desde 2012. No caso da Euribor a 1 ano, já cota a valores não vistos desde 2009, acima dos 2,3%. Em relação à curva de rendimentos, a última semana trouxe nova deslocação da curva para cima, que deixa a expetativa de Euribors agora já acima dos 3% no início do próximo ano, antes de começar a recuar a partir da segunda metade de 2023, para estabilizar num intervalo entre os 2,5% e os 2,8%.
Esta semana, o destaque recaiu naturalmente sobre as reuniões de diversos bancos centrais. O Riksbank anunciou uma subida surpreendente de 100 pb, naquela que foi a maior subida desde 1992 nas taxas da coroa sueca. A Fed também subiu taxas e o Banco de Inglaterra e Banco da Suíça também terão feito o mesmo [desfecho após o encerramento desta edição]. Na Zona Euro, e ainda no rescaldo da mais recente subida de 75 pb, os últimos dias trouxeram vários comentários de membros do BCE, nos quais ficaram reforçadas as expetativas de uma continuação do ciclo de aperto da política monetária. O economista-chefe do BCE afirmou que são necessárias mais subidas nas taxas de juro da ZE para travar a subida de inflação. Lane defendeu a subida da última reunião e sinalizou que o banco irá continuar a subir taxas nas próximas reuniões. Não obstante, as próximas decisões relativas à magnitude das subidas vão depender dos dados macroeconómicos que forem sendo divulgados e serão tomadas em cada reunião. François Villeroy de Galhau acredita que as taxas de juro do BCE poderão atingir o “nível neutro”, no qual não estimulam nem abrandam a economia, até ao final do ano. O Vice-Presidente do BCE, Luis de Guindos, afirmou que o banco central terá de continuar a agir com convicção para controlar as expetativas de inflação, ao passo que Mário Centeno defendeu que o BCE deverá optar por subir gradualmente as taxas de juro de forma a evitar destabilizar a economia. Destaque também para as declarações de Lagarde, nas quais afirma que apesar da atuação do BCE poder vir a pesar sobre o crescimento económico, a principal prioridade do banco central é garantir a estabilidade de preços.
Dados conhecidos esta semana mostraram que a inflação na maior economia europeia continua sem dar tréguas. A inflação nos produtores alemães saltou para máximos históricos em agosto de 45,8%, em termos anuais, e de 7,9%, em cadeia. A subida viu-se impulsionada pela escalada dos preços da eletricidade de 174,9%. A subida dos preços no produtor leva a crer que a inflação no consumidor dificilmente baixará de forma considerável nos meses vindouros, mas poderá atingir o seu “pico” em breve, sobretudo se os preços da energia continuarem a corrigir. Perante este contexto de elevada inflação e de subida das taxas, os riscos de uma recessão são cada vez maiores. O Banco Central sueco projeta uma contração do PIB de 0,7% no próximo ano e na passada quinta-feira foi a vez do banco central finlandês alertar para uma possível contração de 0,5% da economia em 2023.
Nas taxas fixas, foi mais uma semana de forte subida dos rendimentos das obrigações, que renovaram máximos plurianuais, mediante as expetativas de que os principais bancos centrais mundiais irão continuar a subir taxas para controlar a inflação. Os 10 anos alemães já se aproximam rapidamente dos 2%, com os yields de Portugal para a mesma maturidade a terem chegado aos 3%, embora com spread estável face aos Bunds.
Análise produzida a 21 de setembro de 2022
Filipe Garcia, Economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros (filipegarcia@imf.pt), 22/09/2022
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