Empresas devem ser mais cautelosas nos pedidos de financiamento;

Júlio Soares, administrador da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Noroeste, alerta
Empresas devem ser mais cautelosas nos pedidos de financiamento
A atual situação económica sofreu grandes alterações relativamente ao passado recente. Tornou-se mais complicado o financiamento das empresas e das famílias, num contexto de aumento das taxas de juro e de inflação elevada. “Perante as atuais condições, devem ser tomados os devidos cuidados”, defendeu Júlio Soares, administrador da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Noroeste.
“Vivemos num paradigma económico diferente daquele que vivemos nos últimos anos. O ambiente era favorável porque havia abundância de capital, as taxas de juro eram muito baixas (até negativas) e agora estamos em inversão. A tendência já está traçada, não é a direção que interessa propriamente, mas de qual vai ser a intensidade de tudo isto. O financiamento vai ser mais difícil. Neste momento, no crédito à habitação já quase a classe média não consegue cumprir as suas obrigações”, de acordo com Júlio Soares. Por outro lado, o BCE, que tinha uma política de colocar dinheiro na economia, quer retirar dinheiro da economia para controlar a inflação. A tudo isto junta-se a desvalorização das moedas.
As pessoas devem, neste contexto, ter mais cautela nos pedidos de financiamento. É necessário poupar mais e tentar negociar taxas fixas. Por seu lado, as empresas devem verificar bem a sua situação financeira, serem mais prudentes, pedirem financiamentos por prazos mais longos para reduzirem a prestação. “É importante ter disponibilidade financeira nesta fase (agora que as taxas estão em níveis normais, olha-se mais aos cashflows presentes por parte), as empresas têm de estar dotadas de fundos de maneio. Tendo em conta que as taxas de juro dos depósitos a prazo não vão aumentar como a inflação, as pessoas tendem a alocar a outro tipo de investimentos, devendo tomar os devidos cuidados com os produtos que subscrevem”, advertiu Júlio Soares.
Num cenário em que as coisas podem já não estar a correr bem, importa notar que os bancos já têm de acompanhar os créditos dos seus clientes. Estes devem avisar o banco quando ainda estão em dia e não depois para renegociarem o crédito. As empresas ou as famílias que estão muito endividadas devem tentar desalavancar e consolidar os créditos, de modo a que possam cumprir as suas obrigações perante a banca.
Susana Almeida, 25/11/2022
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