REBOOT congrega em Portugal figuras de proa da Arte Contemporânea no mundo pós-pandémico;

REBOOT congrega em Portugal figuras de proa da Arte Contemporânea no mundo pós-pandémico
Durante o dia 17 de setembro, Lisboa adquiriu uma nova centralidade, devido à participação na REBOOT - Artistic Sustainability – Beyond Green  de algumas figuras incontornáveis do mercado internacional da arte contemporânea. Num ano marcado, uma vez mais, pela ausência da Feira Internacional em Lisboa, a Fundação Joana Vasconcelos acolhe na Unidade Infinita, na zona portuária da capital, a primeira edição da REBOOT, um evento impar no cenário português, para discutir novas perspetivas de desenvolvimento sustentável na criação contemporânea e em áreas conexas, do ensino, à produção, da exibição e itinerância ao mercado.
A REBOOT é uma plataforma de discussão sobre o ecossistema da arte contemporânea que pretende identificar, fortalecer e mapear novas redes colaborativas no sentido que tornar mais inclusivos, sustentáveis e abertos os modelos de reflexão, investigação, produção e exposição de obras, que nasce sob a proposta de D.André de Quiroga, bibliófilo, curador e gastrónomo e da docente universitária e gestora de empresas Filomena Marques, que colaboram regularmente com Joana Vasconcelos e que se juntaram com a artista a e equipe da Unidade Infinita para pôr de pé a REBOOT e reposicionar Lisboa no mapa da arte contemporânea internacional
Segundo o programador da REBOOT o evento de dia 17 de setembro “resulta do trabalho de uma equipa alargada e multidisciplinar que esteve a colaborar com a Fundação Joana Vasconcelos, e pretende criar as condições para o debate sobre o mundo pós-pandémico, avaliar os impactos desta paragem nos mercados da arte – não na produção intelectual e artística, que não foi interrompida – e na suspensão de um conjunto de atividades conexas: produção, exibição e itinerâncias, feiras, galerias, e da forma como esta estagnação forçada alterou modos de trabalho num conjunto de setores conexos, artesanais, industriais, mercantis, de reflexão, de escrita, edição, ensino…”
 “A conferência, que em edições futuras terá dois dias de duração e que se perspetiva com apresentações internacionais,  decorreu durante todo o dia 17 de Setembro  com painéis, de três ou quatro pessoas – curadores, artistas, críticos, representantes  de instituições – fundações, centros de arte, academias, universidades,  banqueiros, colecionadores,  a quem atribuímos um slot de cerca de uma hora, com um moderador, para falarem do seu trabalho e ou da instituição que representam, para a discussão de uma temática: financiamento e politicas , cooperação transnacional, responsabilidade social, transformação ou colonização digital, novas tendências, arte pública”, afirma Filomena Marques.

Estiveram presentes meios internacionais e participaram especialistas de Itália, Brasil, Espanha, França, Alemanha, Suíça, China e Camarões, tirando partido das possibilidades do digital, em casos em que impedimentos profissionais ou regulamentos sanitários impedem a presença do conferencista em Lisboa. Xing Danwen, uma das mais prestigiadas artistas da China, que representou na Bienal de Veneza de 2006, falou a partir do seu estúdio de Pequim, num painel onde participou a ministra da Cultura, Graça Fonseca sobre Arte Pública, que trouxe a Lisboa a responsável da Temporada Cultural Cruzada França Portugal, Victoire Bidegain Di Rosa, e Jean Denant, um artista francês sedeado em Sète e que trabalha com a galeria RocioSantaCruz. Luigi da Vecchi, chairman do CITIGROUP para a Europa, Médio Oriente e África, e que se dedica a causas ambientais na Fundação Sylva, ligada a projetos de reflorestação, foi substituído por Carmo Palma, manager diretor da AXIANS num um outro painel com Maura Marvão, responsável da leiloeira Phillips, focado na prospetiva e sustentabilidade, moderado por Filomena Marques,  estando o futuro das instituições museológicas a cargo de Jean-François Chougnet, atualmente à frente do  Musée des civilisations de l’Europe et de la Méditerranée, Bernard Blistène, Luis Raposo, diretor do ICOM  e Joaquim de Oliveira Caetano, diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, numa conversa moderada por Rui Silvestre, diretor da Unidade Infinita.    

Alguns galeristas ausentes

Segundo os promotores não foi possível nesta edição incluir todos nomes pensados inicialmente: os galeristas Juana de Aizpuru, Giorgio Persano, Ursula Krizinger, o diretor do Reina Sofia, Manuel Borja-Villel, Angès de Gouvion Saint-Cyr, uma das maiores autoridades mundiais em fotografia, Eva Brioschi, da Fondazione La Gaia, ou Angeles Albert, da Real Academia Espanhola em Roma, devido à sobreposição de agendas, mas existem fortes possibilidades de que Lisboa os venha a acolher na próxima edição da REBOOT. Para Filomena Marques, uma consultora e especialista em estratégia e internacionalização envolvida profundamente nas questões do mercado da arte “a qualidade da proposta da REBOOT e capacidade agregadora de Joana Vasconcelos explicam a adesão quase imediata dos nomes que formam o programa, e que participam graciosamente no evento. Ter numa conferência Wei Wei e Barthélémy Toguo, com Enrique Juncosa, a falar de responsabilidade social, ou contar com Cristiano Grisogoni, responsável pelos projetos de arte contemporânea da Biblioteca do Vaticano é uma oportunidade única”. Os reponsáveis pela DSL Collection, Sylvain Levy, e  da coleção do banco Julius Baer, Oliver Schickler, moderados pela escritora e jornalista Isabel Lucas, o historiador de arte Jean Serroy, Bernardo Pinto de Almeida, e Gilles Lipovetsky, participam também no painel Diálogos Abertos. A Nova Era, moderada Fausta Rendall do Corpo Infinito, será debatida pelos terapeutas Mário Resende, Cláudia Maraschin e Sidival Fila, um frade franciscano brasileiro a residir em Roma, que se destacou na Bienal de Veneza de 2019.  

Atribuição de bolsas a estudantes

A Fundação Joana Vasconcelos tem atribuído nos últimos anos várias bolsas a estudantes universitários na área das artes, e nesta fase de internacionalização de atividade pretende prosseguir criando possibilidades de capacitação com um programa que permita cursar uma universidade fora de Portugal, ou ter um estágio num atelier de artistas como os que a Fundação convidou para a primeira edição da REBOOT e convidará para as próximas. Para lá do óbvio – o potencial impacto de good will, relações públicas de uma operação como esta – a REBOOT foi concebida justamente para acelerar a criação de uma rede internacional que articule a atividade da Fundação com universidades, estúdios de artista, universidades, museus, galerias, fundações, centros de reflexão, produção e exposição no ecossistema da arte contemporânea através da qual poderão circular os bolseiros, adquirindo em tempo próprio uma formação e experiência que agora estão ao alcance de muito poucos. A mais internacional das artistas portuguesas da sua geração criou em 2012 a Fundação Joana Vasconcelos, com o objetivo de apoiar o ensino das artes e contribuir para ações de solidariedade e causas sociais. A realização da primeira edição da REBOOT: Artistic Sustainability – Beyond Green, que conta com o acolhimento da Unidade Infinita e o suporte institucional do Garantir Cultura, numa iniciativa que se perspetiva com um carater regular e itinerante.
Com uma prática de 25 anos que se estende ao vídeo e ao desenho, Joana Vasconcelos é reconhecida mundialmente pelas esculturas monumentais que questionam, com humor e ironia, o estatuto da mulher, a sociedade de consumo e a identidade coletiva. A aclamação internacional chegou em 2005 com a presença d’A Noiva na Bienal de Veneza, onde voltou em 2013 com Trafaria Praia, o primeiro pavilhão flutuante da história do certame. Foi a mais jovem artista e primeira mulher a expor no Palácio de Versalhes em 2012, com um número recorde de 1,6 milhões de visitantes, e em 2018 tornou-se na primeira artista portuguesa a ter uma exposição individual no Guggenheim de Bilbau, uma das melhores desse ano para o The Art Newspaper. A sua obra encontra-se exposta em grandes instituições do mundo e pode ser vista presentemente em Paris, Genebra, Boston, Macau ou na Dinamarca. Beyond, a sua maior exposição até à data no Reino Unido, continua no Yorkshire Sculpture Park até janeiro de 2022.





Joana Vasconcelos, Enrique Juncosa, Ai Wei Wei, Barthélémy Toguo., 21/09/2021
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